A eficiência energética deve ser vista como uma alavanca estratégica

Uma das medidas essenciais a destacar é a monitorização dos consumos energéticos. A instalação de um sistema de monitorização representa o primeiro passo para a redução efetiva do consumo.

eficiência energética entrevista Edgar

Entrevista original em Magazine Imobiliário

Edgar Malato, porta-voz da Ewen, afirma em entrevista que as auditorias energéticas realizadas em Portugal têm revelado padrões de consumo associados sobretudo a motores eléctricos, sistemas térmicos e de refrigeração. Para o especialista, medidas simples como a monitorização de consumos e a aplicação de isolamentos térmicos podem gerar reduções imediatas e significativas, contribuindo não apenas para cortar custos, mas também para acelerar a descarbonização e reforçar a competitividade das empresas perante as metas climáticas europeias.

Com base nas mais de mil auditorias realizadas em Portugal, que padrões recorrentes de consumo energético a Ewen tem identificado nas empresas, e quais são as oportunidades mais comuns para redução de custos e eficiência? 

No âmbito das auditorias realizadas, verificamos que os principais consumos energéticos estão associados a motores elétricos industriais, sistemas de bombeamento e ventilação, processos térmicos, ar comprimido e refrigeração. Estes constituem, de forma recorrente, os grandes consumidores nos processos produtivos das empresas auditadas.

É importante destacar que as oportunidades de eficiência energética surgem a partir de um estudo aprofundado do processo produtivo, suportado por informação detalhada de consumo (curvas de utilização dos diferentes vectores energéticos e de água). Estes dados permitem analisar o perfil de consumo e identificar medidas de melhoria. Entre as oportunidades mais frequentes, destaca-se o aproveitamento da energia térmica residual, que em muitos casos é simplesmente dissipada para o ambiente sem qualquer utilização.

Exemplos típicos incluem o reaproveitamento de águas de arrefecimento para aquecer outros sistemas ou a recuperação de gases quentes de exaustão provenientes de fornos e caldeiras. A implementação destas soluções exige um conhecimento aprofundado do processo produtivo do cliente, de modo a identificar sinergias com os sistemas já existentes.

Em muitos casos, as soluções encontradas evoluem no sentido da eletrificação, contribuindo para uma maior eficiência e descarbonização do processo em análise. Não menos relevante é a manutenção da energia nos locais adequados, evitando perdas indesejadas. A simples aplicação de isolamentos térmicos adequados apresenta, na maioria dos casos, um payback extremamente atrativo, tornando-se uma medida de elevado impacto com baixo tempo de retorno. A experiência adquirida em diferentes unidades industriais proporciona à nossa equipa uma visão abrangente das possibilidades de optimização, permitindo à Ewen identificar soluções inovadoras e adaptadas a cada realidade.

Quais são as medidas mais eficazes e recorrentes que as empresas implementam após uma auditoria energética, e que impacto estas costumam ter na redução de custos e na sustentabilidade? 

Uma das medidas essenciais a destacar é a monitorização dos consumos energéticos. A instalação de um sistema de monitorização representa o primeiro passo para a redução efetiva do consumo. Como se costuma dizer: “Não se pode melhorar o que não se mede”. É verdade que, por si só, o sistema não reduz diretamente os consumos. No entanto, a informação gerada permite identificar padrões, anomalias e oportunidades de melhoria que resultam em reduções reais. Em termos médios, considera-se que a implementação de um sistema de monitorização conduz a uma redução mínima de 2% sobre os consumos monitorizados, valor habitualmente reconhecido e aceite pelas entidades reguladoras.

Outra medida de elevada relevância, devido ao seu baixo payback, é a aplicação de isolamentos térmicos nos pontos críticos. Trata-se de uma solução simples, mas extremamente eficaz, com retorno do investimento estimado entre 1 e 3 anos, garantindo uma redução significativa de perdas energéticas. Por fim, importa destacar que sempre que falamos em aproveitamento de energia ou redução de consumos, a ligação à sustentabilidade é imediata. Estas medidas não só permitem diminuir custos operacionais, como também contribuem para um futuro mais eficiente e ambientalmente responsável.

A descarbonização surge como o caminho natural sempre que se coloca a necessidade de substituir ou integrar novos equipamentos, representando não apenas uma resposta às exigências ambientais, mas também uma oportunidade de modernização e optimização dos processos. No âmbito das auditorias energéticas, são igualmente analisados os consumos de água, cuja relevância tem vindo a crescer. A redução do consumo de água assume-se hoje como uma prioridade crescente para os nossos clientes, não apenas por razões económicas, mas também pela sua importância na protecção do ambiente.

Na sua experiência, até que ponto as empresas portuguesas adoptam medidas de eficiência energética por iniciativa própria versus cumprimento de obrigações legais ou regulatórias?

As auditorias energéticas resultam num relatório que identifica diversas medidas de eficiência energética. Entre elas, as que apresentam melhor payback ou que são exigidas pela legislação vigente tendem a ser implementadas mais rapidamente. A eficiência energética, no contexto empresarial, está sempre associada a um retorno sobre o investimento. Por isso, as empresas priorizam medidas que garantem uma recuperação financeira mais rápida ou cuja implementação seja obrigatória por lei.

Quais são os principais desafios que as empresas enfrentam ao implementar as recomendações de uma auditoria energética, e como a Ewen ajuda a superar essas barreiras? 

Um dos maiores desafios é levar as empresas a reconhecerem o verdadeiro valor da eficiência energética. Muitas vezes, esta é vista apenas como uma obrigação legal, quando na realidade deve ser encarada como uma alavanca estratégica para reduzir custos, diminuir emissões e aumentar a competitividade. Mais do que projetos isolados, acreditamos no desenvolvimento de uma verdadeira cultura de eficiência. Trata-se de um processo contínuo, que exige planeamento, execução e visão a longo prazo, mas que gera benefícios duradouros: produzir mais com menos, optimizar consumos e criar valor sustentável.

É neste caminho que a Ewen apoia as empresas, ajudando a priorizar as medidas em função do retorno do investimento, garantindo clareza sobre onde investir primeiro. Em muitos casos, asseguramos não apenas a implementação das soluções, mas também o seu financiamento, o que facilita a tomada de decisão. Outro pilar fundamental é a gestão de energia: através da monitorização e análise de dados de consumo, possibilitamos decisões informadas e melhorias contínuas. Desta forma, transformamos recomendações em ações concretas que se traduzem em impacto real no desempenho energético e económico das empresas.

Considerando as metas da União Europeia, como o Pacto Ecológico Europeu e o Plano REPowerEU, qual será o papel das auditorias energéticas na competitividade e sustentabilidade das empresas portuguesas nos próximos anos? 

A União Europeia estabeleceu metas climáticas ambiciosas para acelerar a descarbonização, e a eficiência energética assume um papel central nesse percurso. As auditorias energéticas são, neste contexto, uma ferramenta fundamental, permitem recolher e analisar dados, identificar medidas de optimização em edifícios, fábricas ou processos produtivos específicos e quantificar de forma clara os ganhos potenciais. Este diagnóstico fornece às empresas uma base sólida para a tomada de decisão, funcionando como um verdadeiro roteiro para reduzir consumos, custos e emissões. No entanto, a auditoria é apenas o primeiro passo.

O verdadeiro impacto surge quando as medidas identificadas passam da análise à execução, transformando recomendações em ações concretas que reforçam tanto a competitividade como a sustentabilidade das empresas. Assim, o papel das auditorias energéticas nos próximos anos será o de catalisador, ajudando as empresas portuguesas a reforçar a sua competitividade através da redução de custos operacionais e, em paralelo, a acelerar a sua sustentabilidade, alinhando-se com as exigências europeias e as expectativas da sociedade.

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